segunda-feira, março 30

O Poeta do Fim do Dia


Hj fiz uma descoberta sobre mim.
Quisera todos os dias fossem assim.
Descobri que não tenho problema com os poetas
Tenho problema com os que "usam" a poesia

Marcelinho uma vez me falou:

Celo
: Meu avô era fantástico, sabe pq? Pq ele não fingia ser nada além do que era!

O Avô do Marcelinho era o matreiro Pantera, lenda da sinuca e do bom viver!
Hj, finalmente, conheci um outro avô.
Sua obra e sua mais que profunda sensibilidade
José Maria Nunes Marques
Eu o apelidei de "poeta do fim do dia", pois seu lirismo tem quase sempre esta paisagem
Sempre descrita e re-escrita em novas cores entre o pôr do Sol e o rasgar da Noite.
Os poemas deste homem mexeram comigo como a muito não acontecia.
E o primeiro motivo é o que remonta este post.

Já no "prólogo", a descoberta.
Não foi José Maria quem publicou seus poemas.
Sua esposa, Zélia Caribé Nunes Marques, foi quem compilou a obra de uma vida inteira
(Poesia datada desde 1952)
Perdão, vou surrupiar os dados de sua biografia para lhes contar o mais importante para mim.

Acredito mesmo, que este homem jamais tentou lucrar ou ludibriar as pessoas com suas letras.
Diferente dos tantos outros sanguessugas da mesmice e exibicionistas que vagam por aí.
Eu não sei vcs, mas qdo descubro algo/alguém assim, fico feliz e embasbacado.
Poemas guardados numa escrivaninha...
Não por que seu autor os acredita desinteressantes ou teme sua repercussão.
Acho que vai muito além disso.
Vai de encontro à sua vontade auscultadora do mundo, observador que indaga e basta.
Lendo o seu livro (O EU LÍRICO) descobri um artesão.
Aquele que transmutava sentimentos e a vida em verso só pelo prazer de fazer...
Um senhor que É EXATAMENTE O QUE É!
Nem uma gota a mais, nem um suspiro a menos.

Oxalá que no fim da vida eu possa olhar no espelho e me enxergar assim...
Estará de bom tamanho e serei feliz.

EU SOU
José Maria Nunes Marques

Por que Não?
Eu quero ser tudo que é.
Quero ser vida, amor, intensidade, luz, harmonia

Quero ser tudo que é.

Quero ser o inesgotável, o inexaurível
porque eu sou tudo.

Sou a eternidade das coisas

A perpetuidade dos momentos

Sou a terra que se agita sempre

As árvores bracejantes que explodem incontidas em novos ramos verdes.

Eu sou a pura harmonia das alvoradas
e a nostalgia celeste dos crepúsculos .
Sou cada uma e todas as estrelas que a noite acende
.

Eu sou a noite

Meu sangue é a vida da terra

Minha vida a própria terra

Eu sou tudo...

Que sou eu, Senhor?!


Feira de Santana, 13 de Fevereiro de 1956

4 comentários:

Mãe da Fru-fru disse...

Suspeita e sincera:

Adorei a escolha da poesia. Já li muitas dele e sempre é uma nova releitura e com o olhar de outro poeta, que viu, meu pai como o poeta do fim do dia.
Não tinha pensado nisso, e agora relaciono ao meu prazer nos crespúsculos, só descritiveis por poetas sensíveis.

Carolina Marques

Avó da Fru-fru disse...

Expinho Tiago:
Você me cativou e me emocionou, tornando-me ainda mais apaixonada pelo Ser que é José Maria N. Marques.
Seu espinho foi fundo e amorosamente na alma do meu poeta.
Eu diria que você é também um grande poeta daqueles que abrangem as manhãs, as tardes, as noites e as madrugadas e penetram fundo na alma dos seres.
Muito obrigada e parabéns pela sincera declaração.
Zélia

Fru-fru disse...

Não preciso dizer nada né? Você tá com a bola toda... heheh
É lindo o post. Obrigada.
Beijos

Tiago "Expinho" disse...

Junto-me ao time dos reverenciadores
Só cumpri minha função nesta peça!

Um cheiro à família Fru.
E toda admiração
Que me seja permitida render!

P.s.
Em verdade ainda sou
"errado" demais
para ser digno do carinho das senhoras.

Mas, prometo tornar-me um dia!